Rotas da imaginação

Mais que um convite à infância, os riscos brancos no céu do Vale refletem histórias de 3,5 mil passageiros diários que sobrevoam a região

 

Quem, quando criança, nunca apontou o céu e perseguiu com os olhos uma aeronave até o infinito? E mais: não se intrigou em adivinhar aonde vão os minúsculos aviões que deixam apenas trilhas brancas bem lá no alto? Os longos traços brincam ainda mais com a imaginação das pessoas quando o dia está sem nuvens e os caminhos de quem cruza o Vale do Itajaí para viajar ficam ainda mais fáceis de enxergar. Foi assim na semana passada, quando o tempo seco aliado à frente fria que passou pelo Estado remeteu à infância o repórter fotográfico Gilmar de Souza, autor da foto de capa da edição de hoje. De olho no céu da manhã, ele contou nove aviões.

O Vale do Itajaí é rota aérea para pelo menos 3,5 mil viajantes todos os dias. Gente que passa em poucos minutos, na velocidade de 750 quilômetros por hora. No máximo, são apenas pontos no céu que deixam os rastros de nuvem gerados pelo congelamento do vapor das turbinas, a 30 mil pés de altura, o equivalente a 11 mil metros.

– O fenômeno ocorre porque o ar do escapamento das turbinas está aquecido a até 800 °C, e entra em contato com a atmosfera fria, por volta de 40 ºC negativos. O resultado é o vapor congelado em forma de trilha – explica o coordenador de Tráfego Aéreo e Segurança Operacional do Aeroporto de Navegantes, José Hélio Possebon.Ao aterrissar ou decolar do Aeroporto Internacional de Navegantes, 50 aviões cruzam o céu do Vale todos os dias.

Do Aeroporto de Blumenau, o Quero-Quero, decolam pelo menos duas aeronaves diariamente, com destinos ao Rio Grande do Sul e ao Sudeste. Mas há quem venha de longe e sobrevoe o Vale para alcançar lugares ainda mais distantes, por meio de conexões em outros aeroportos do país. A Força Aérea Brasileira explica que esses passageiros seguem por quatro aerovias – estradas usadas para navegação aérea – que atravessam o Vale e, pelos ares, vão ou vêm do Uruguai, São Paulo e Porto Alegre. A partir de agora, se a nebulosidade do outono der trégua e permitir que se admire o céu, você já sabe para onde guiar a imaginação.

 

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