A poucos minutos de entrar na aeronave que a levaria de volta a Porto Alegre, ontem à tarde, Vanja Rocha, 58 anos, segurava nas mãos a imagem de Nossa Senhora que carrega na bolsa. Um dia antes, foi à mesma santa que ela se apegou enquanto passava por momentos de desespero a bordo do voo 6788, da empresa Webjet.
A aeronave, que partiu na segunda-feira(17) de Navegantes com destino ao Rio Grande do Sul, arremeteu por duas vezes, em dois aeroportos diferentes, sem conseguir pousar. Em pânico e com poucas informações sobre o que teria causado as manobras repentinas, os passageiros se viram de volta ao Aeroporto de Navegantes – muitos deles, sem coragem para retomar a viagem. O avião partiria novamente duas horas depois, deixando em terra passageiros apavorados.
– Não tínhamos condições emocionais de embarcar – diz Leandro Komeroski, 37.
Ontem, no saguão do aeroporto, onde os passageiros que preferiram ficar em Navegantes se reencontraram para voltar a Porto Alegre, o clima era de apreensão. Por telefone, confirmavam com parentes e amigos que a situação meteorológica era similar à que havia resultado nas turbulências e no mau tempo que marcaram o trajeto, um dia antes.
Noeli Prates, 38, tinha os olhos cheios de lágrimas. Foi a primeira vez que ela viajou de avião, em companhia do filho, de nove anos. O menino ficou enjoado com o chacoalhar da aeronave e o nervosismo acarretou em uma crise de bronquite.
– Rezei muito pelo meu filho. Se estivesse sozinha, ficaria mais tranquila. Mas com ele, me desesperei – relata.
A turbulência começou antes mesmo da primeira tentativa de pouso, em Porto Alegre. Já assustados, os passageiros viram a aeronave se aproximar do Aeroporto Salgado Filho, que operava por aparelhos, em meio a uma tempestade. O avião desceu e, sem condições de tocar a pista, voltou a subir.
A aeronave seguiu para o Aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis, onde, segundo os passageiros, o susto foi ainda maior. O avião já havia baixado o trem de pouso quando subiu de repente. O vento forte fez com que chacoalhasse de um lado para o outro e pendesse para a esquerda. Foi quando o pânico se instalou.
– Em Porto Alegre vimos que não havia condições, que a cidade estava sem luz. Mas em Florianópolis, o tempo estava bom. Cheguei a pensar que o avião estava com problemas e que não conseguia pousar por isso – diz Valéria de Araújo Rocha, 51.
Crianças choravam, pessoas rezavam e outras passavam mal. Mas, segundo os passageiros, não havia informações claras sobre o que estava ocorrendo. Ao chegar em Navegantes, dois bombeiros entraram na aeronave para socorrer casos como o de Fabiana Falcão, 36, que teve uma queda brusca de pressão.
O piloto não teria saído da cabine para conversar com os passageiros, que exigiam respostas.
– A tripulação estava despreparada. Não acho que eles tivessem condições de retomar o voo – diz Leonardo Leiria da Rocha, um dos passageiros do avião.
Passado o susto, os últimos passageiros do voo 6788 chegaram ontem no fim da tarde ao Aeroporto Salgado Filho. Embora tenham enfrentado mais turbulências, chegaram em segurança.
O caos se instalou na pista do aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis, quando a aeronave da Webjet arremeteu na segunda-feira. Passageiros que se encaminhavam para embarcar em outros voos acompanharam a tensão dos técnicos, que largaram o que estavam fazendo para observar a manobra.
O supervisor de suprimentos Vagner Martins, 29 anos, estava no ônibus que leva os passageiros até a pista, pronto para embarcar no voo 5019, também da Webjet, quando viu a manobra da aeronave que não conseguiu aterrissar.
–Vi uma correria na pista e veio a aeronave. Como o vento estava muito forte, jogou a traseira do avião para o lado e o piloto teve que arremeter _conta.
Quando as pessoas desembarcaram do veículo, perceberam a tensão dos funcionários que estavam na pista e ficaram mais preocupadas. A partir daí os técnicos ficaram acompanhando atentamente todas as decolagens, enquanto conversavam pelos rádios.
O vento continuou forte e, apesar de não ter havido a necessidade de manobras mais bruscas, os passageiros do voo de Martins também sofreram com turbulências. Foram pelo menos cinco durante os 50 minutos de viagem à capital gaúcha.
– Ficou todo mundo com medo de embarcar depois de ter visto aquilo, mas o piloto conversou o tempo todo com os passageiros e a cada nova turbulência ele avisava – detalhou Martins.
A sensação de morte iminente, em um local de onde não se pode escapar, é o que desencadeia o medo e a ansiedade em situações como as vividas pelos passageiros do voo 6788, e por quem presenciou a manobra no ar. Doutora em Psicologia e professora da Univali, Giovana Delvan Stuhler diz que pessoas que passaram por um trauma como este podem, eventualmente, desenvolver fobias que as impedirão de voar novamente.
Neste caso, é necessário tratamento psicológico.
A situação vivida no voo da Webjet foi relatada por passageiros à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O órgão informou, por e-mail, que arremetidas por motivos de segurança operacional não resultam em penalidades para a companhia aérea, mas são solicitadas informações às empresas para saber os procedimentos adotados.
Respostas preliminares sobre o ocorrido já foram enviadas pela companhia e relatam que as arremetidas ocorreram por falta de condições meteorológicas. O procedimento é usado pelos pilotos quando percebem, durante a aproximação, que não há condições seguras de pouso – e, segundo o major da Aeronáutica e especialista em controle de tráfego aéreo, João Carlos Matioda, é bastante comum.
As regras que definem a forma como isto deve ocorrer, e a que altura o avião pode estar do solo antes de voltar a subir, são determinados em gabaritos produzidos por especialistas e dependem da planta do aeroporto e das condições climáticas.
– O que o piloto não pode é forçar o pouso se não há condições, ou ir além dos limites previstos – afirma Matioda.
Segundo o superintendente da Infraero em Navegantes, Marco Aurélio Zenni, não houve registro de problemas técnicos com a aeronave da Webjet, e o pouso de volta em Navegantes, às 18h02min de segunda-feira, ocorreu normalmente.
A Aeronáutica, responsável pelo controle do tráfego aéreo no país, explicou, por meio da assessoria de imprensa, que a instabilidade meteorológica no Sul do Brasil dificultou o pouso não só do avião da Webjet, como os de outras companhias.
Sem precisar a quantidade, a assessoria afirmou que houve outras arremetidas no fim de tarde e início de noite no aeroporto Salgado Filho, de Porto Alegre, em função da baixa visibilidade e de um forte vento de través (que não está alinhado com o eixo da pista).
Outros dois voos, das empresas Gol e Tam, também voltaram a Navegantes na segunda-feira.
O que diz a Webjet:
A companhia aérea esclareceu, através da assessoria de imprensa, que o voo 6788 teve de seguir para Florianópolis por conta das condições meteorológicas adversas. Ao se aproximar da cidade, a tripulação também encontrou problemas climáticos e foi orientada a pousar em Navegantes. Os clientes chegaram a Porto Alegre assim que o Aeroporto Internacional Salgado Filho voltou a operar com segurança. A companhia ressaltou que todos os passageiros foram assistidos conforme as exigências da Anac.
A aeronave, que partiu na segunda-feira(17) de Navegantes com destino ao Rio Grande do Sul, arremeteu por duas vezes, em dois aeroportos diferentes, sem conseguir pousar. Em pânico e com poucas informações sobre o que teria causado as manobras repentinas, os passageiros se viram de volta ao Aeroporto de Navegantes – muitos deles, sem coragem para retomar a viagem. O avião partiria novamente duas horas depois, deixando em terra passageiros apavorados.
– Não tínhamos condições emocionais de embarcar – diz Leandro Komeroski, 37.
Ontem, no saguão do aeroporto, onde os passageiros que preferiram ficar em Navegantes se reencontraram para voltar a Porto Alegre, o clima era de apreensão. Por telefone, confirmavam com parentes e amigos que a situação meteorológica era similar à que havia resultado nas turbulências e no mau tempo que marcaram o trajeto, um dia antes.
Noeli Prates, 38, tinha os olhos cheios de lágrimas. Foi a primeira vez que ela viajou de avião, em companhia do filho, de nove anos. O menino ficou enjoado com o chacoalhar da aeronave e o nervosismo acarretou em uma crise de bronquite.
– Rezei muito pelo meu filho. Se estivesse sozinha, ficaria mais tranquila. Mas com ele, me desesperei – relata.
A turbulência começou antes mesmo da primeira tentativa de pouso, em Porto Alegre. Já assustados, os passageiros viram a aeronave se aproximar do Aeroporto Salgado Filho, que operava por aparelhos, em meio a uma tempestade. O avião desceu e, sem condições de tocar a pista, voltou a subir.
A aeronave seguiu para o Aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis, onde, segundo os passageiros, o susto foi ainda maior. O avião já havia baixado o trem de pouso quando subiu de repente. O vento forte fez com que chacoalhasse de um lado para o outro e pendesse para a esquerda. Foi quando o pânico se instalou.
– Em Porto Alegre vimos que não havia condições, que a cidade estava sem luz. Mas em Florianópolis, o tempo estava bom. Cheguei a pensar que o avião estava com problemas e que não conseguia pousar por isso – diz Valéria de Araújo Rocha, 51.
Crianças choravam, pessoas rezavam e outras passavam mal. Mas, segundo os passageiros, não havia informações claras sobre o que estava ocorrendo. Ao chegar em Navegantes, dois bombeiros entraram na aeronave para socorrer casos como o de Fabiana Falcão, 36, que teve uma queda brusca de pressão.
O piloto não teria saído da cabine para conversar com os passageiros, que exigiam respostas.
– A tripulação estava despreparada. Não acho que eles tivessem condições de retomar o voo – diz Leonardo Leiria da Rocha, um dos passageiros do avião.
Passado o susto, os últimos passageiros do voo 6788 chegaram ontem no fim da tarde ao Aeroporto Salgado Filho. Embora tenham enfrentado mais turbulências, chegaram em segurança.
O caos se instalou na pista do aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis, quando a aeronave da Webjet arremeteu na segunda-feira. Passageiros que se encaminhavam para embarcar em outros voos acompanharam a tensão dos técnicos, que largaram o que estavam fazendo para observar a manobra.
O supervisor de suprimentos Vagner Martins, 29 anos, estava no ônibus que leva os passageiros até a pista, pronto para embarcar no voo 5019, também da Webjet, quando viu a manobra da aeronave que não conseguiu aterrissar.
–Vi uma correria na pista e veio a aeronave. Como o vento estava muito forte, jogou a traseira do avião para o lado e o piloto teve que arremeter _conta.
Quando as pessoas desembarcaram do veículo, perceberam a tensão dos funcionários que estavam na pista e ficaram mais preocupadas. A partir daí os técnicos ficaram acompanhando atentamente todas as decolagens, enquanto conversavam pelos rádios.
O vento continuou forte e, apesar de não ter havido a necessidade de manobras mais bruscas, os passageiros do voo de Martins também sofreram com turbulências. Foram pelo menos cinco durante os 50 minutos de viagem à capital gaúcha.
– Ficou todo mundo com medo de embarcar depois de ter visto aquilo, mas o piloto conversou o tempo todo com os passageiros e a cada nova turbulência ele avisava – detalhou Martins.
A sensação de morte iminente, em um local de onde não se pode escapar, é o que desencadeia o medo e a ansiedade em situações como as vividas pelos passageiros do voo 6788, e por quem presenciou a manobra no ar. Doutora em Psicologia e professora da Univali, Giovana Delvan Stuhler diz que pessoas que passaram por um trauma como este podem, eventualmente, desenvolver fobias que as impedirão de voar novamente.
Neste caso, é necessário tratamento psicológico.
A situação vivida no voo da Webjet foi relatada por passageiros à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O órgão informou, por e-mail, que arremetidas por motivos de segurança operacional não resultam em penalidades para a companhia aérea, mas são solicitadas informações às empresas para saber os procedimentos adotados.
Respostas preliminares sobre o ocorrido já foram enviadas pela companhia e relatam que as arremetidas ocorreram por falta de condições meteorológicas. O procedimento é usado pelos pilotos quando percebem, durante a aproximação, que não há condições seguras de pouso – e, segundo o major da Aeronáutica e especialista em controle de tráfego aéreo, João Carlos Matioda, é bastante comum.
As regras que definem a forma como isto deve ocorrer, e a que altura o avião pode estar do solo antes de voltar a subir, são determinados em gabaritos produzidos por especialistas e dependem da planta do aeroporto e das condições climáticas.
– O que o piloto não pode é forçar o pouso se não há condições, ou ir além dos limites previstos – afirma Matioda.
Segundo o superintendente da Infraero em Navegantes, Marco Aurélio Zenni, não houve registro de problemas técnicos com a aeronave da Webjet, e o pouso de volta em Navegantes, às 18h02min de segunda-feira, ocorreu normalmente.
A Aeronáutica, responsável pelo controle do tráfego aéreo no país, explicou, por meio da assessoria de imprensa, que a instabilidade meteorológica no Sul do Brasil dificultou o pouso não só do avião da Webjet, como os de outras companhias.
Sem precisar a quantidade, a assessoria afirmou que houve outras arremetidas no fim de tarde e início de noite no aeroporto Salgado Filho, de Porto Alegre, em função da baixa visibilidade e de um forte vento de través (que não está alinhado com o eixo da pista).
Outros dois voos, das empresas Gol e Tam, também voltaram a Navegantes na segunda-feira.
O que diz a Webjet:
A companhia aérea esclareceu, através da assessoria de imprensa, que o voo 6788 teve de seguir para Florianópolis por conta das condições meteorológicas adversas. Ao se aproximar da cidade, a tripulação também encontrou problemas climáticos e foi orientada a pousar em Navegantes. Os clientes chegaram a Porto Alegre assim que o Aeroporto Internacional Salgado Filho voltou a operar com segurança. A companhia ressaltou que todos os passageiros foram assistidos conforme as exigências da Anac.
Fonte: Agora-já
Apesar de raras, duas alternadas não são indicativas de problemas. Ao contrário, demonstra o grau de precaução da tripulação. Se fossem cabeças de bagre teimosos ou estivessem preocupados em terminar o voo logo ou ainda economizar combustível poderiam ter arriscado um pouso duro com essa tesoura de vento de FLN, causando um acidente ou incidente. O fato de não relatar todas as decisões aos passageiros faz parte dos procedimentos de fechamento do cockpit em situações de emergência e entre determinadas altitudes e não pode ser considerada como omissão. Entre pilotar e relatar, a prioridade, nesse caso, é pousar ou não pousar.
ResponderExcluirTambém tive problema com a WEBJET. Dia 6/10/12 voo saindo Florianópolis 17.50hs p/Porto Alegre,o piloto tenta aterrizar(2x), sem minimas condições- tempestade com vento muito forte,relâmpagos e granizos - avião por pouco não caiu. Foram 10 min. de panico(desmaios,choros,gritos) arremeteu p/ Curitiba
ResponderExcluiro mais engraçado da reportagem é a mulher dizendo que em FLN estavam ótimas as condiçoes climaticas....
ResponderExcluirdeve ser bem entendida de meteorologia ela para identificar de dentro do avião um ventinho cross na pista...
certo é o piloto, não forçou os pousos e voltou a origem. Segurança acima de tudo.